
“Dragão de lata, leve-me ao meu destino, faça-te tua função de guia e apresente-me os sujos pontos turísticos.
Em meus olhos transbordando miopia, vejo que as fumaças das fábricas tampam o belo horizonte. Meu coração deságua na garoa de uma mãe de primeira viagem que teve seu filho retirado à força, pela força da violência.
Que impõe e transpõe sua vontade frente aos demais. Cartéis românticos aos homens louros e robustos, carretéis aos velhos homens de espírito jovem, que aproveitem bem o soprar do vento. Dragão de lata, as leis da física não aplicam aqui, teu sangue frio esfria-me, neste calor que nos castiga sem motivo aparente.
Dragão, quanto mais gente tu podes suportar? Agora percebo, nem tua calmaria se salvou neste calor, afinal não há mais água para matar tua sede fervorosa. Agradeço-te a companhia, o que tu queres me confessar?
Amores pedidos ou atrasos contínuos. Entre pés entrelaçados, os olhares chocam-se em um cruzado no queixo, mais do mesmo, menos de nada. Sintoma da paixão borbulhando na pele inspiradora do poeta. Perdoa estes versos castelhanos de coração, vejo a Argentina como minha redenção. Além da terra, caro dragão.
Consinta com o ferro que lhe faz pulsar e arde em ausência de mim. Da terra tu não podes aferir a liberdade em gozo. Em ti, sentimos o encontro dos mal educados com os politicamente corretos, em cortesia sinta meu fétido cheiro, em calmaria sinta o meu mais novo perfume importado. Leia minhas mensagens.
O amor era-se pouco, então vingou o rancor. Nas batidas estressantes de tua porta, que mastiga tecidos desavisados. Tuas escamas caro dragão, são todos os tons em degradê de um belo azul.
E ainda sim, noto em ti alguns pontos brancos, será o principio de uma vitiligo ou feridas como troféus, de quem tanto que recebeu pisadas desordeiras.
Ora, o que será o branco se não o sangrar de todas as cores, há ausência de quem fora condecorado com a finitude de fingir.
Hei de me ouvir, meu companheiro. Amo a musa que sempre me presenteia com a tão perseguida inspiração, falta-me coragem de um bom campeão, pois ainda a amo com culpa de um pecador, revelo-te em meus olhos tremidos, mas você não os vê.
Digo-te na pronuncia trêmula de meus lábios, mas você não os lê. Então, grito no silêncio de minha poesia. Habemus vida, Habemus poesia. Se o peito bate desconexamente, eu ainda amo você…”
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