
“Eu me atrevi, atirei-me de coração ingênuo a você. E você não entendeu os sinais. As migalhas que deixei foram devoradas por pássaros esfomeados. Constantemente, tento fugir de tudo aquilo que já se esqueceu do meu coração, mas que ainda sim, volta para assombrar-me.
Quis voltar, pois o corpo quente alheio fez-me saudade, ainda mais em dias que a chuva parecia sorrir.
Será que esta fala que pulsa em minha boca poderá ser considerada como um idioma morto? Estrangeiro a pedir ajuda de desconhecidos.
Perdido confesso que sou, virei pra você à causa perdida. Mas os mapas de ti sei muito bem como seguir.
Aos seus costumes ainda sou insólito viajante, breve visitador. Ainda há tanto para dizer. Ensina-me a pronunciar a língua do amor em voz alta, pois eu necessito que tu saibas. Não espero que tudo siga um script e seja recíproco.
Sim, espero que ele seja compreendido e respeitado, não vire uma mera chacota em uma conversa em forma de desforra.
Talvez este amor seja bom para ti, mas o provedor deste amor, nem tanto. Leva-me para o aconchego teu colo, teça-me boas histórias para dormir, alguns planos para o dia de amanhã e de sobremesa, o teu mais doce cafuné.
Posso conhecer cada canto de teu ser? Ser aquele que pode trazer-te alívio em algumas nuvens que nos perseguem por mero revanchismo.
Não de algum erro nosso e sim por algo que elas nunca sentirão. Ainda há palavras que precisam de um novo lar, que as flores em formas de palavras encontrem um lar dentro de seus olhos, que enrraizem-se na tua mente.
E que teu lábio, possa recitar-me a calma da qual escrevi, sem nada ouvir. Danças da chuva modernas, nada trazem se não o pranto do pesado passado que nos assombra.
Contrata-te uma interprete e decifra-me, quem sabe, assim tu possas vestir-se com o mais caro vestido de gala que a tola loja de minha poesia possui: Minhas entrelinhas costuradas com afeto e amor.
Meus olhos entram em taxidermia, empalhados, eles ainda podem-te fitar por entre estas montanhas de corpos, na multidão cinza e deselegante desta Faria Lima.
Quero que você ajude-me a encontrar os versos que ainda estão perdidos em mim e que os mesmos, possam refletir a ti.
Não te assusta se em um dia qualquer, com roupas velhas e cabelo desgrenhado eu for bater em tua porta. Por que esse dia será marcado, como o dia em que esqueci todo o medo e acordei com uma vontade de ser feliz, de ter fazer feliz…”
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